“Há bombardeio para todo lado”, diz palestino-brasileiro em Gaza

Palestino-brasileiro relata angústia em meio a intensos bombardeios em Gaza

Hasan Rabee, um brasileiro de origem palestina de 30 anos, encontra-se preso na Faixa de Gaza, incapaz de deixar a região devido aos incessantes bombardeios promovidos por Israel. Atualmente em Khan Younis, uma cidade no sul de Gaza, próxima à fronteira com o Egito, Rabee descreve a difícil realidade vivida na região.

De acordo com Rabee, a população local enfrenta escassez de água e energia elétrica, além de dificuldades para encontrar alimentos. A maioria das pessoas se mantém trancada em suas casas, enquanto os bombardeios ocorrem de forma constante e diária. "Estamos abrigados em uma casa que abriga cerca de 20 pessoas, e os bombardeios estão acontecendo por todos os lados. Só se ouve o som das explosões. Muitas pessoas no bairro foram atingidas e muitas morrem sem ter culpa alguma", relata Rabee.

Naturalizado brasileiro e trabalhando como vendedor em São Paulo há 10 anos, Rabee deixou a Palestina para escapar dos conflitos com Israel. Há 12 dias, ele retornou a Gaza para visitar sua família, acompanhado de sua esposa e suas duas filhas brasileiras, de três e seis anos.

"Em um dia, estávamos na casa da minha mãe quando houve um bombardeio próximo. Tivemos que sair. Outro dia estávamos na casa da minha irmã, e em outro na casa do meu sobrinho. É assim que vivemos, correndo de um lado para o outro como loucos", afirma Rabee.

Ele também relata que não observa movimentação de militantes do Hamas e que as bombas têm atingido prédios residenciais. "Não vejo a presença do Hamas aqui. O que vejo são pessoas comuns sendo mortas, vizinhos, trabalhadores, pessoas inocentes", descreve Rabee.

A esposa de Hasan preferiu não comentar a situação, pois está profundamente abalada. As crianças pequenas estão assustadas, e o casal inventa desculpas para justificar os ruídos das explosões e dos aviões militares que sobrevoam a cidade.

"As crianças estão muito assustadas. A cada bomba que cai, ou quando escutam o som dos aviões se aproximando, elas cobrem os ouvidos e dizem: 'Mamãe, chegou'. Tentamos enganá-las, dizendo que é o barulho de uma equipe de futebol comemorando vitória, ou que são festividades, raios e que vai chover. A cada momento, inventamos uma mentira diferente", revela Rabee.