01/05/2024 às 03h40min - Atualizada em 01/05/2024 às 03h45min
Campanha Maio Roxo alerta sobre doenças inflamatórias intestinais e busca conscientizar a população
Carlos Alberto Baldassari - Danilo Bueno
Agência Brasil de Notícias
A Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) está promovendo mais uma edição da campanha Maio Roxo, com o objetivo de alertar a população sobre as doenças inflamatórias intestinais (DIIs), que envolvem a inflamação do trato gastrointestinal, abrangendo desde a boca até o ânus. Ao longo do mês, a SBCP irá compartilhar textos e vídeos no Portal da Coloproctologia, esclarecendo as principais dúvidas relacionadas às DIIs. A campanha destaca a importância do Dia Mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais, que ocorrerá em 19 de maio.
O diretor de Comunicação da SBCP, Helio Antonio Silva, informou que as doenças inflamatórias intestinais, frequentemente subdiagnosticadas, têm apresentado um aumento significativo no Brasil. A campanha busca conscientizar tanto a população em geral quanto os médicos sobre essas doenças, cuja prevalência aumentou 15% entre 2012 e 2020, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, envolvendo 212 mil pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
A prevalência das doenças inflamatórias intestinais atingiu a marca de 100 casos para cada 100,1 mil habitantes. Em 2012, esse número era de 30 casos para cada 100 mil habitantes. A maior concentração de casos foi registrada nas regiões Sudeste e Sul do país. O estudo foi publicado na revista internacional Lancet em 2022 e pode ser acessado através deste link. Globalmente, as DIIs afetam mais de 5 milhões de pessoas.
O médico Paulo Gustavo Kotze, membro titular da SBCP e um dos autores do estudo, destacou que os dados coletados não incluem casos provenientes do sistema de saúde privado, apenas casos da rede pública. Kotze mencionou que o aumento no número de casos pode estar relacionado ao estilo de vida ocidentalizado, à dieta e ao perfil genético dos pacientes.
Segundo o diretor da SBCP, ainda não se conhece a causa exata das DIIs, embora pareça ser multifatorial. O surgimento dessas doenças pode estar associado a fatores como histórico familiar, alterações no sistema imunológico, mudanças na flora intestinal, alimentação e influências ambientais. O tabagismo, por exemplo, é um fator de risco comprovado para agravar a doença de Crohn.
Hélio Silva ressaltou que o objetivo da campanha é conscientizar as pessoas sobre a existência dessas doenças, para que os pacientes busquem ajuda especializada, e para que os médicos não especialistas se lembrem da importância de um tratamento adequado, incluindo a realização de exames como a colonoscopia.
As doenças inflamatórias intestinais não possuem cura. As mais comuns são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Adolescentes e jovens adultos são os grupos mais afetados pelas DIIs. São doenças crônicas que podem ser controladas, mas os pacientes não podem interromper o uso de medicamentos. O tratamento não fornece uma cura definitiva, mas sim um controle da condição.
Os principais sintomas incluem diarreias persistentes por mais de 15 dias, diarreias recorrentes acompanhadas de cólicas, presença de sangue, muco ou pus nas fezes, perda de peso, urgência para evacuar, falta de apetite e fadiga. Esses são os sinais mais comuns das duas doenças inflamatórias intestinais e devem servir como um alerta para que o paciente procure um especialista, seja um médico gastroenterologista ou proctologista.
Em casos mais graves, podem ocorrer anemia, febre, desnutrição e distensão abdominal. Aproximadamente de 15% a 30% dos pacientes podem apresentar manifestações extraintestinais, como dor nas articulações, lesões na pele ou nos olhos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia.