Chuvas intensas agravam situação da população de rua em Porto Alegre

As recentes chuvas intensas no Rio Grande do Sul têm agravado a situação da população em situação de rua em Porto Alegre. Estima-se que pelo menos 80 mil pessoas tenham precisado deixar suas casas temporariamente e buscar abrigo em locais públicos ou entidades assistenciais. Essa situação tem ampliado a vulnerabilidade daqueles que já viviam nas ruas.

O coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Porto Alegre, Elton Bozzetto, ressaltou que as chuvas intensas e as consequentes inundações e alagamentos têm aumentado a fragilidade dos serviços oferecidos à população em situação de rua. Um exemplo disso é o caso da Escola Municipal de Ensino Fundamental Porto Alegre (EPA), localizada na região central da capital gaúcha, que acolhe pessoas em situação de vulnerabilidade e foi severamente afetada pelas chuvas.

"A EPA, uma das duas únicas escolas do Brasil abertas à população em situação de rua, foi totalmente alagada. Com isso, o trabalho com mais de 100 pessoas que era realizado na escola agora está sendo feito nas ruas", explicou Bozzetto. Nas redes sociais da escola, é possível encontrar pedidos de ajuda para os estudantes que foram afetados pelas chuvas.

Porto Alegre possui apenas quatro abrigos municipais e 18 pousadas contratadas pela prefeitura para acolher a população em situação de rua. No entanto, mesmo antes dessa catástrofe climática, o número de vagas já era considerado insuficiente.

"Não há abrigos suficientes em Porto Alegre. De acordo com o cadastro do SUS, a cidade tem 4.887 pessoas vivendo nas ruas e entre 650 e 700 vagas disponíveis. Ou seja, já havia uma grande demanda reprimida que agora se agravou", explicou o coordenador da pastoral. A situação evidencia a necessidade urgente de medidas para lidar com a crise habitacional e oferecer suporte adequado à população vulnerável da cidade.