18/06/2024 às 03h40min - Atualizada em 18/06/2024 às 03h45min
Operação Policial Despeja Projeto Social da Cracolândia
Carlos Alberto Baldassari - Danilo Bueno
Herculano Barreto Filho / UOL A operação da Polícia Civil em São Paulo resultou no despejo do projeto social Teto Trampo Tratamento (TTT) de um hotel na região da Cracolândia. O projeto fornecia moradia e acompanhamento terapêutico para 25 pessoas em situação de vulnerabilidade social. O hotel em questão era um dos alvos da operação, que visava combater um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas envolvendo 28 estabelecimentos na região central.
A ação da polícia incluiu 140 mandados de busca e apreensão, e os estabelecimentos investigados tiveram suas atividades econômicas interrompidas. Além de servirem como locais de lavagem de dinheiro, os hotéis também eram usados para esconder drogas e como apoio ao tráfico.
Os hotéis na região central de São Paulo são conhecidos por oferecerem acomodações baratas e atendem principalmente a pessoas em situação de rua. Além disso, esses locais também são utilizados para atividades como prostituição e consumo de drogas. Em 2017, durante uma megaoperação policial na Cracolândia, o fechamento de hotéis com características semelhantes resultou no retorno de pessoas desprotegidas socialmente às ruas.
O projeto TTT, baseado na ética da redução de danos, buscava oferecer moradia como ponto de partida para ajudar as pessoas em sua organização pessoal. Além disso, o projeto proporcionava alimentação e organizava atividades culturais remuneradas para os beneficiários.
O fundador do projeto, o psiquiatra Flávio Falcone, está tentando realocar os beneficiários em outro hotel que não esteja sob risco de fechamento iminente. Ele ressalta a importância da moradia como condição primordial para oferecer outros tipos de cuidado, como assistência jurídica, médica, social e inserção em projetos de autonomia e geração de renda.
O proprietário do hotel que abrigava o projeto nega as acusações de envolvimento com o crime organizado e afirma que apenas aluga os prédios para oferecer serviços de hospedaria para pessoas em situação de rua. Ele menciona que a região é a única opção viável para seu negócio e que não escolheu ter usuários de drogas como hóspedes.
O inquérito relacionado à operação está sob sigilo, e o proprietário ainda não teve acesso ao seu conteúdo.